Política

‘Se um estado faz e outro não, estamos enxugando gelo’, diz

Wellington Dias é representante do fórum de governadores e cobra do Ministério da Saúde medidas nacionais contra o colapso nos hospitais

O governador do Piauí e coordenador do tema da vacina no Fórum Nacional de Governadores, Wellington Dias (PT), defendeu que o Governo Federal adote medidas nacionais para conter o avanço do novo coronavírus no país e evite um colapso.

“O que queremos são medidas nacionais. Estamos em vias de um colapso nacional na rede hospitalar e, é necessário, então, uma ação nacional. Se um estado faz e o outro não faz, a gente vai estar enxugando gelo. Então, há necessidade de medidas em relação aos aeroportos, portos, ferrovias, pra gente ter uma condição de controle maior da entrada do vírus”, afirmou Dias em entrevista à Globo News neste sábado (27).

Além disso, o governador pediu agilidade na aprovação de vacinas contra a Covid-19 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo ele, a ocupação dos leitos clínicos e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes com Covid-19 está acima de 70% em 21 unidades federativas. Diante dessa situação, os governadores pedem que haja um controle maior para reduzir a circulação do vírus.

O pedido foi feito por Wellington Dias ao Ministério da Saúde na quinta-feira (25). Além disso, os governantes querem que a União examine a capacidade de investimentos em insumos, que já estão em falta em alguns estados.

Governador do Piauí, Wellington Dias (PT), participa de reunião com o ministro da saúde — Foto: Divulgação /Governo do Piauí

 

“Estive no ministério na última quinta-feira tratando desse pedido e fazendo um pedido especial para também examinar a capacidade de investimentos, do que nós temos em estoque de medicamentos, insumos que são necessários para a rede hospitalar. Já começou a ter problemas em alguns lugares”, pontuou, sem especificar.

Urgência de vacinas
Os governadores também querem que as pessoas dos grupos prioritários sejam vacinadas até abril. Para isso, Wellington pede agilidade na aprovação de vacinas e, ainda, a possibilidade de compra por parte dos estados.

“Estamos colocando ao ministério a necessidade de agilizar [a aprovação de vacinas] por parte da agência reguladora. Eu trabalho com a área ambiental, da controladoria, de procuradoria, mas quando há uma situação emergencial, a gente vai lá, conversa, trabalha, tem que ter sensibilidade para poder aprovar”, disse.

“Estamos já dialogando para a compra pelos estados, integrado com o Governo Federal. Na verdade, não é uma concorrência, mas um complemento”, comentou Wellington.

Bolsonaro critica medidas de restrição
Na sexta-feira (26), o presidente Jair Bolsonaro criticou a adoção de medidas rígidas por prefeitos e governadores enquanto visitava o Ceará. A afirmação foi feita um dia depois de o Brasil alcançar o recorde de 1.582 mortes em 24h na quinta-feira (25).

“Esses que fecham tudo e destroem empregos estão na contramão daquilo que seu povo quer. Não me critiquem, vão para o meio do povo mesmo depois das eleições”, afirmou o presidente, que gerou aglomeração nos dois eventos previstos em sua agenda.

Bolsonaro disse ainda, sem dar detalhes, que ‘daqui para a frente, governador que fechar estado deve bancar auxílio emergencial’.

A visita do presidente ao Ceará ocorreu em meio à alta de casos de Covid-19 no estado e foi criticada do governador Camilo Santana (PT), que não participou do evento.

“Tenho todo respeito à autoridade, mas não posso compactuar com aquilo que considero um grave equívoco”, disse o governador sobre os eventos, que gerariam aglomeração.

Lira quer se reunir com governadores
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou neste sábado (27) que conversará com governadores na semana que vem sobre ações para enfrentar a pandemia.

“Nós estamos em uma segunda onda que teve pré-avisos ali de Manaus, sempre começa por lá e começou por lá a primeira e mais algumas capitais por causa do hub. Nós tivemos aí ao final do ano Réveillon, Natal, carnaval, muitas pessoas viajando pelo Brasil. E era previsível que essas coisas acontecessem”, disse Lira.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) durante declaração à imprensa com o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, na noite desta quinta-feira (18), após reunião que tiveram com o presidente do STF, Luiz Fux. — Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

 

Em uma rede social, o presidente da Câmara informou que pretende ouvir sugestões de medidas legislativas e alterações no Orçamento para combater a pandemia.

Lira afirmou que neste momento, em que governadores anunciam aumento das restrições de circulação, com a opção de toque de recolher e lockdown, a “hora é de contribuir”.

“Pretendo fazer uma teleconferência com os governadores nesta semana, junto com a presidente e o relator da CMO [Comissão Mista do Orçamento], para ouvir como o Orçamento pode ajudar na superação da pandemia”, postou.

Lira também quer ouvir sugestões dos governadores sobre medidas “legislativas emergenciais” para serem analisadas em “caráter de urgência”, mas “respeitando o teto fiscal, com o objetivo de enfrentar os efeitos da Covid 19”. 

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