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Empresário, advogada e delegado são acusados de se apropriarem de terrenos no litoral do Piauí

Decisão da Justiça disse que documentos apresentados não eram o suficiente para comprovar posse. Moradores foram ameaçados e cercas derrubadas; assista vídeos

Os nativos do Povoado Lagoa do Camurupim, localizado no município de Luís Correia, no litoral do Piauí, travaram mais uma árdua disputa com supostos grileiros que tentam se apropriar de terrenos no local.

De acordo com informações repassadas ao El Piauí, entre os suspeitos de estarem tentando se apropriar das terras estão um empresário do ramo de extração de carnaúba e até um delegado da Polícia Civil com atuação no litoral. 

Imagens repassadas para nossa reportagem, mostram o exato momento em que dois homens em uma Hilux prata, de placa NUV-6629, discutem com os nativos. Eles reivindicam a propriedade das terras e chegam a convidar os nativos para irem à delegacia de polícia ‘resolverem a situação’. 

Um dos homens foi identificado como Christiano Amaral de Oliveira. Em 08 de setembro de 2020, ele perdeu um processo na Justiça, onde reivindicava a posse das terras. 

De acordo com o juiz Max Paulo Soares de Alcântara, as provas apresentadas por Christiano foram insuficientes e não foi possível atestar que ele seria, de fato, o dono. 

“A prova pré-constituída apresentada é insuficiente pois apesar da juntada da documentação relativa à propriedade do imóvel, fotografias e mapas do local, além dos boletins de ocorrência policial, entendo que há a necessidade da efetiva constatação da posse sobre a área e da realização da turbação de seu perímetro, matéria de fato cuja certeza ainda não alcançou o convencimento deste juízo”, diz trecho da decisão. 

Decisão judicial de setembro de 2020 Foto: Reprodução

Segundo populares, os acusados de se apropriarem das terras teriam, mesmo após a decisão da justiça, vendido terrenos e incentivado os ‘novos donos’ a promoverem motins e ameaças para os nativos. Eles teriam chegado aos locais, em determinados momentos, armados. Eles derrubaram cercas e colocaram novas estacas para demarcar os supostos terrenos. Quando os populares ameaçam chamar as forças de seguranças, os acusados se dispersam e saem do local. 

Um dos terrenos que foram tomados dos nativos, teria sido passado para a advogada Maria do Amparo Alves Guimarães Ferreira. Ele seria esposa de um delegado que atua na região Norte do Piauí. Uma procuração datada de 24 de julho de 2020, confirma que ela atuava em nome de Christiano Amaral de Oliveira. A informação é de que esse terreno teria sido passado pelo outorgante para a outorgada. 

Uma placa foi instalada em uma parede de uma residência informando que o terreno seria uma ‘propriedade particular’, registrada no cartório de Luís Correia. A dimensão é de 63×50 metros e consta o nome da advogada e um telefone para contato. 

Procuração, placa informando dados da advogada que seria a dona do terreno e a identificação do empresário Foto: Reprodução/Redes Sociais 

Ao El Piauí, os populares informaram que irão formalizar denúncias à Ordem dos Advogados do Brasil no Piauí (OAB-PI) e ao Ministério Público (MP-PI). 

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